domingo, 21 de setembro de 2008

ESTE PAÍS TROPICAL

O Brasil é alegre. Em dias nublados a alegria se evidencia, porque o intenso brilho tropical não atrapalha ver a pobre alegria pobre deste país. Sigo por uma avenida quase rodovia, deserta em ambas as marginais. Passam apressadas e coloridas as bancas improvisadas de melões, melancias, morangos, laranjas, uvas, jacas, puffs cor-de-rosa choque e pipas de perfeitas folhas de seda. Dois vendedores chutam um para o outro uma pequena bola de borracha. Rápida ainda, passo por um ponto de ônibus lotado de pessoas aguardando em pé, paradas; pela minha velocidade a passar por elas percebo-as quase estátuas. Sei do cansaço e da ansiedade que as prostram em espera por um destino imediato – casa, trabalho, diversão... mas vejam como estou alegre, porque as vejo como em uma festa. Estão imóveis somente porque não há música!
Não sei se o Brasil é alegre ou eu estava alegre. Agora, quanto a feliz, vou com mais cuidado, pois a felicidade é uma coleção muito grande de alegrias em elos. É muito difícil ser feliz. Impossível? O que estraga ser feliz é não se saber feliz. Ou seja, ficar sabendo demasiadamente tarde da felicidade, quando é escancarada a verdade da infelicidade para nós.

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