quarta-feira, 6 de agosto de 2008

TARDES DE CHÁ

E ultimamente estamos a tomar chá. Chá verde, de porongaba, de hibisco. Regamos o trabalho com as essências milagrosas dessas naturezas. Antes, ano passado, tomávamos o de 30 ervas: uma das coisas poderosas do mundo? Pelo menos, quantidade sempre deveria intimidar e assustar. O cuidado estava no preparo, pois um simples gesto da colher poderia diminuir a mistura para 15 ou 22 ervas. Tinha o gosto de tudo e bebíamos dois litros.
Orientais e indígenas, agora tomamos chá com fé no milagre do emagrecimento e da boa saúde. Mas não somos muito bobas não. Fingimos ser adeptas do milagre. Na verdade, lavamos o organismo e, sobretudo, instituímos um ritual que funciona como vírgula na sintaxe das nossas atividades, com efeitos de sentido claros: mais banheiro, uma ou outra taquicardia, uma ou outra insônia acidental.
E como nossa vida é agitada, e não estamos na sala de casa, não dispomos de chávenas nem de dedos mínimos em riste, e sim de copos brancos de plástico descartável, cuidadosos, ao lado do teclado. Enquanto lá fora a tarde se desmancha, também nosso chá, envolto na louça branca do bule, emprestado da cantina, entardece: ainda com o vapor transparente, nos chega quente como o meio-dia e, na medida em que as horas se completam e os goles se compassam, espaçados, se torna frio como a noitinha...
*Esse texto é para uma amiga, cuja alegria fez muita falta hoje, no chá, na tarde, na semana que ainda não terminou. Ai que odchio!!!

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